Além das Intuições

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Estados de transe e possessão formam parte do quadro religioso de quase todas as civilizações existentes. A raridade das manifestações psico-fisiológicas que acompanham o transe serve de base para todo tipo de interpretações, geralmente relacionadas com causas sobrenaturais ou misteriosas.
Os chineses do séc XVIII a.C. praticavam o culto aos antepassados. Para entrarem em comunicação com os parentes desconhecidos submetiam-se a um ritual acompanhado de músicas e danças giratórias que conduziam a um frenesí coletivo de convulsões, saltos, e corridas desenfreadas, até que conseguissem cair no transe como meio de participação com o mundo dos mortos. Nos santuários de adivinhaçào da Grécia antiga, adolescentes do sexo feminino, as pitonisas, eram escolhidas para serem possuídas por Apolo. Os momentos de transe representavam a descida de deus. Para os "aissauis" do Islã, o transe lhes propiciaria estados de insensibilidade à dor e para alcançá-los recorrem ao djedjeb, movimento violento que se imprime à cabeça de esquerda à direita enquanto os braços permanecem pendentes e as pernas marcam o rítmo.
Muitas são interpretações ou justificativas que os estudiosos dão para o transe. Todas elas naturalmente dependem do ponto de vista com que são encaradas e também das circunstancias em que se manifesta o fenômeno. Para o antrpólogo, o transe poderia simbolizar a morte da carne em vistas a renaser a uma vida, uma sensibilidade ou uma vivencia nova. O sociólogo pode ver nele um meio usado por determinados grupos para aliviar tensões, fortalecer crenças ou estruturas sociais. O psicólogo talvez o interprete como um mecanismo compensatório do individuo (sentir-se alguem, escolhido, agraciado, em intimidade com o além...) ou como um sintoma de cisão da personalidade para o psiquiatra. Enfim, o teólogo pouco avisado poderá interpreta-lo como uma prova da graça divina ou como um sinal de condenação eterna.
O transe pode ser considerado como um estado hipnóide de dissossiação psicológica que libera, em maior ou menor grau, o inconsciente do controle total da consciencia. Este estado de dissossiação se caracteriza pela ausência de movimentos voluntários e com frequencia pelo automatismo da atividade ou do pensamento. A etimologia da palavra, transitus, nos está indicando o sentido de passagem; passar dum estado de consciência a outro.
A sugestionabilidade, a memória alternante (lembranças do acontecido em estado de transe anteriores e esquecimentos durante a vigilia e amnésia ao acordar. Também em ambos os estados costumam manifestar-se as mesmas caracteristicas fisiologicas: contraçoes e relaxamentos musculares, perdas de reflexos , etc.
Por esta identidade em transe e hipnose, a psicologia os considera como um mesmo fenomeno. O Doutor M. E. Pascal em 1935 fez um estudo exaustivo mostrando a total identificação psico-fisiológica entre transe, hipnose e êxtase. Sua conclusão foi esta: o Transe é pura e simplesmente um estado de sono hipnótico.
Verificada esta identidade, chega-se à conclusão de que não existem diferentes tipos de transe (hipnótico, mediúnico, espírita, metapsiquico ou parapsicológico) do ponto de vista psico-fisiologico, mas um só: o transe.
Em parapsicologia, transe é o estado de inconsciência mais ou menos profunda no transcurso do qual se manifesta ou pode manifestar-se uma atividade parapsicológica. Os registros encefalográficos modernos são da mesma natureza nos sujeitos em transe, seja este de tipo hipnótico, mediúnico ou parapsicológico, independentemente de se o sujeito atribue seu estado à ação de entidades espirituais, à sugestão direta dum hipnotizador ou à sua capacidade de autosugestão.
Os métodos usados pelos hipnotizadores para levarem seus pacientes ao transe são tão variados quanto possamos imaginar. Não existe um método padronizado que sirva de base aos outros ou que atinja melhores resultados. Na hipnose, o método é criado pelo próprio hipnotizador e os sucessos dependem mais de sua autoridade, prestigio ou segurança que do método em si mesmo. Hoje, além da sugestão ou imaginação, a bioquímica, medicina e psicologia encontram outras explicações cientificas para o uso de inúmeras técnicas alteradoras do campo da consciência.
Danças rítmicas e saltos: Estão entre os principais métodos de induzir a estados de êxtase em que uma pessoa se sente dominada por uma força ou um ente superior. Vimos antes como eram praticadas por chineses e aissauis do Islã. Nos cultos africanos e afro-americanos, a dança rítmica é parte integrante do ritual, e assim em todas as culturas e civilizações a dança é um método dos mais empregados para chegar ao transe.
Respiração anormal: A alcalose cerebral pode também ser provocada por uma respiração intensa e rítmica; nestes casos, o carbono, em um ácido, é eliminado do fluxo sanguíneo, e isto frequentemente conduz à dissociação histérica e a estados de sugestionabilidade aumentada.
Brados e cantos prolongados: Podem produzir resultados semelhantes aos anteriores, ainda que menos acentuados. A menos que sejam muito exercitados, os cantores tendem a expirar mais ar do que inspiram e, em consequência, a concentração de CO2 nos alvéolos pulmonares e no sangue é aumentada, o que produzirá, como já vimos, uma redução da eficiência do cérebro tornando possíveis experiências de dissociação.
No canto do curandeiro, do feiticeiro, do conjurador de espiritos; no infindável entoar de salmos e sutras dos monges cristãos e budistas; nos gritos e gemidos, horas a fio, dos pregadores itinerantes o propósito psico-quimico-fisiológico permanece constante: Aumentar a concentração de dióxido de carbono no organismo a fim de diminuir a eficiência da válvula redutora, o cérebro.
A diminuição desta eficiência no órgão diretor de nossa atividade consciente levará a uma queda da capacidade crítica e a um descenso da tensão intelectual, condições propícias para a entrada no transe.
O jejum prolongado esgota as reservas do cálcio e a taxa de açúcar disponível no organismo e a psique parecem mais apta para perceber seus próprios pensamentos, o próprio corpo, ter alucinações, transes e outras experiências do gênero.
Os castigos corporais: Para os cristãos, a mortificação da carne foi sempre um meio de purificar o espírito, mantendo-o alerta contra o assalto das paixões desordenadas. Houve, porém, ao longo da história, períodos em que se supervalorizou a mortificação corporal, dando lugar a grandes exageros. Os castigos brutais praticados contra o próprio corpo tonaram-se freqüentes em um tipo do ascetismo mal entendido.
Sabemos, que a flagelação com chicotes do couro ou arame provoca feridas que podem desorganizar o equilíbrio químico do organismo. Enquanto dura o suplício, as glândulas liberam grande quantidade de histamina e adrenalina; e quando as feridas começam a supurar, várias substâncias tóxicas, produzidas pela decomposição da proteína, penetram na corrente circulatória. A histamina produz o choque que atua sobre a mente com a mesma intensidade que sobre o corpo e as toxinas das feridas desorganizam os sintomas enzimáticos reguladores do cérebro, reduzindo sua eficiência. Além do mais, grandes quantidades de adrenalina podem provocar alucinações.
Conhecemos também a enorme quantidade de drogas naturais (ópio, maconha, coca, beladona, estromônio, mandrágora, estrato de lobeliáceas, mescalina, cafeína) ou de produtos químicos (ácido lisérgico, adrenocromo, escopolamina cloratosa, cloruro de amônio, amital do sódia, pentotal) e até os de mais fácil aquisição (café, chá, álcool, fumo), toda esta longa lista dos produtos poderiam ser, e com freqüência o são, excelentes meios de indução ao transe.
Não devemos esquecer a enorme eficácia que a expectativa, a crença, a simples vontade ou o ambiente contagiante tem, em vistas a atingir estados de dissociação psicológica, assim como as condições psico-fisiológicas do sujeito: manias, sífilis cerebral, epilepsia, endocrinopatia, histerias, conflitos internos, etc.
Especial interesse supõe para a parapsicologia o estado psico-fisiológico no qual os médiuns mais famosos realizavam seus prodígios. Todos eles, para manifestar qualquer fenômeno, necessitavam cair no transe. Este não guardava as mesmas características ou mostrava a mesma intensidade em todos os grandes dotados.
Não há espaço nestas linhas para abordar os aspectos fraudulentos do transe ou transe fingido, praticado com mais frequência do que poderíamos esperar. De qualquer maneira, basta salientar que está muito ligado a casos de histeria, e sabemos a dificuldade existent

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